O Arroio Tega, também chamado por alguns de Arroio Marquês do Herval, fica ao lado do Moinho da Cascata, e essa proximidade não é por acaso. Desde o começo, o arroio foi essencial para o funcionamento e crescimento do Moinho, sendo um dos grandes responsáveis por tudo que esse patrimônio representa hoje em Caxias do Sul.
Desde o final do século XIX, o Tega teve papel importante na economia e na vida das pessoas da região. Com a chegada dos imigrantes, o arroio passou a cumprir várias funções: fornecia água para o dia a dia, movimentava máquinas e era um espaço de lazer. Em 1891, Aristides Germani criou o Balneário Germani, que virou ponto de encontro para piqueniques, festas e banhos, mostrando que a água ainda era de ótima qualidade.
Em 1892, com a inauguração do Moinho da Cascata, o uso da água para movimentar as engrenagens aumentou, e outros moinhos também foram construídos às margens do arroio. Em 1927, a construção de uma usina para abastecer um novo moinho aumentou ainda mais a interferência humana e impactou a qualidade da água.
A partir dos anos 1960, com a expansão da cidade, o arroio começou a sofrer abandono e poluição, sendo usado para descarte de resíduos. Nos anos 1970, a situação piorou: o Tega virou o principal destino dos esgotos da cidade e chegou a ser chamado de “esgoto a céu aberto”. As reclamações por mau cheiro e insetos aumentaram, e em 1976 chegou a ser discutida a demolição da represa para tentar amenizar os problemas.
Nas décadas seguintes, especialmente entre 1980 e 1990, as denúncias de poluição só aumentaram. As águas estavam contaminadas, as margens degradadas, e o arroio ficou abandonado por muitos anos.
Somente em 2012, com a inauguração da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Tega, que trata até 440 litros por segundo, a recuperação começou a ganhar força. Essa foi a maior estação da cidade e um passo importante para reverter os danos acumulados ao longo de mais de cinco décadas.
Hoje, apesar de ainda carregar as marcas desse passado, o arroio Tega ganha um novo significado. As águas estão muito melhores, e o espaço do Moinho da Cascata voltou a ser um lugar que reúne famílias, espalha amor e onde as pessoas querem estar. A valorização da sua história, da sua importância cultural e do seu papel ambiental permite que a área ao redor volte a ser um espaço de convivência e preservação da memória local.
